quinta-feira, 28 de julho de 2011

Entrevista com Lampião


lampiaoA.jpg (7354 bytes)Lampião, durante sua visita a Juazeiro do Norte, para onde se dirigira a convite do padre Cícero Romão, para integrar o Batalhão Patriótico no combate à coluna Prestes, foi entrevistado pelo médico de Crato, Dr. Octacílio Macêdo. Naquela ocasião, como dissemos anteriormente, Lampião estava hospedado no sobrado de João Mendes de Oliveira e, durante a entrevista, foi várias vezes à janela, atirando moedas para o povo que se aglomerava na rua.
Essa entrevista é considerada pelos historiadores como peça fundamental no estudo e no conhecimento do fenômeno do cangaço. Vale a pena transcrever seus trechos mais importantes, atualizando a linguagem e traduzindo os numerosos termos regionais para a linguagem de hoje.
A entrevista teve dois momentos. O primeiro foi travado o seguinte diálogo:
- Que idade tem?- Vinte e sete anos.
- Há quanto tempo está nesta vida?
- Há nove anos, desde 1917, quando me ajuntei ao grupo do Senhor Pereira.

- Não pretende abandonar a profissão?
       A esta pergunta Lampião respondeu com outra:
- Se o senhor estiver em um negócio, e for se dando bem com ele, pensará porventura em abandoná-lo? Pois é exatamente o meu caso. Porque vou me dando bem com este "negócio", ainda não pensei em abandoná-lo.

- Em todo o caso, espera passar a vida toda neste "negócio"?
- Não sei... talvez... preciso porém "trabalhar" ainda uns três anos. Tenho alguns "amigos" que quero visitá-los, o que ainda não fiz, esperando uma oportunidade.

- E depois, que profissão adotará?
- Talvez a de negociante.

- Não se comove a extorquir dinheiro e a "variar" propriedades alheias?
- Oh! mas eu nunca fiz isto. Quando preciso de algum dinheiro, mando pedir "amigavelmente" a alguns camaradas.

Ziraldo.gif (28493 bytes)Nesta altura chegou o 1° tenente do Batalhão Patriótico de Juazeiro, e chamou Lampião para um particular. De volta avisou-nos o facínora:
- Só continuo a fazer este "depoimento" com ordem do meu superior. (Sic!)
- E quem é seu superior?
- ! !
- Está direito...

Quando voltamos, algumas horas depois, à presença de Lampião, já este se encontrava instalado em casa do historiador brasileiro João Mendes de Oliveira.
Rompida, novamente, a custo, a enorme massa popular que estacionava defronte à casa, penetramos por um portão de ferro, onde veio Lampião ao nosso encontro, dizendo:
- Vamos para o sótão, onde conversaremos melhor.
Subimos uma escadaria de pedra até o sótão. Aí notamos, seguramente, uns quarenta homens de Lampião, uns descansando em redes, outros conversando em grupos; todos, porém, aptos à luta imediata: rifle, cartucheiras, punhais e balas...
- Desejamos um autógrafo seu, Lampião.
- Pois não.

Sentado próximo de uma mesa, o bandido pegou da pena e estacou, embaraçado.
- Que qui escrevo?
- Eu vou ditar.

E Lampião escreveu com mãos firmes, caligrafia regular.
"Juazeiro, 6 de março de 1926
Para... e o Coronel...
Lembrança de EU.
Virgulino Ferreira da Silva.
Vulgo Lampião".

Os outros facínoras observavam-nos, com um misto de simpatia e desconfiança. Ao lado, como um cão de fila, velava o homem de maior confiança de Lampião, Sabino Gomes, seu lugar-tenente, mal-encarado.
-É verdade, rapazes! Vocês vão ter os nomes publicados nos jornais em letras redondas...
A esta afirmativa, uns gozaram o efeito dela, porém parece que não gostaram da coisa.
- Agora, Lampião, pedimos para escrever os nomes dos rapazes de sua maior confiança.
- Pois não. E para não melindrar os demais companheiros, todos me merecem igual confiança, entretanto poderia citar o nome dos companheiros que estão há mais tempo comigo.

E escreveu.
1 - Luiz Pedro
2 - Jurity
3 - Xumbinho
4 - Nuvueiro
5 - Vicente
6 - Jurema

E o estado maior:
1 - Eu, Virgulino Ferreira
2 - Antônio Ferreira
3 - Sabino Gomes.

Passada a lista para nossas mãos fizemos a "chamada" dos cabecilhas fulano, cicrano, etc.
Todos iam explicando a sua origem e os seus feitos. Quando chegou a vez de "Xumbinho", apresentou-se-nos um rapazola, quase preto, sorridente, de 18 anos de idade.
- É verdade, "Xumbinho"! Você, rapaz tão moço, foi incluído por Lampião na lista dos seus melhores homens... Queremos que você nos ofereça uma lembrança...
"Xumbinho" gozou o elogio. Todo humilde, tirou da cartucheira uma bala e nos ofereceu como lembrança...
- No caso de insucesso com a polícia, quem o substituirá como chefe do bando?
- Meu irmão Antônio Ferreira ou Sabino Gomes...

- Os jornais disseram, ultimamente, que o tenente Optato, da polícia pernambucana, tinha entrado em luta com o grupo, correndo a notícia oficial da morte de Lampião.
- É ,o tenente é um "corredor", ele nunca fez a diligência de se encontrar "com nós"; nós é que lhe matemos alguns soldados mais afoitos.

- E o cel. João Nunes, comandante geral da polícia de Pernambuco, que também já esteve no seu encalço?
- Ah, este é um "velho frouxo", pior do que os outros...

Neste momento chegou ao sótão uma "romeira" velha, conduzindo um presente para Lampião. Era um pequeno "registro" e um crucifixo de latão ordinário. "Velinha", apresentando as imagens: "Stá aqui, seu coroné Lampião, que eu truve para vomecê".
- Este santo livra a gente de balas? Só me serve si for santo milagroso.
Depois, respeitosamente, beijou o crucifixo e guardou-o no bolso. Em seguida tirou da carteira um nota de 10$000 e gorgetou a romeira.
- Que importância já distribuiu com o povo do Juazeiro?
- Mais de um conto de réis.

Lampião começou por identificar-se:
- Chamo-me Virgulino Ferreira da Silva e pertenço à humilde família Ferreira do Riacho de São Domingos, município de Vila Bela. Meu pai, por ser constantemente perseguido pela família Nogueira e em especial por Zé Saturnino, nossos vizinhos, resolveu retirar-se para o município de Águas Brancas, no estado de Alagoas. Nem por isso cessou a perseguição.
- Em Águas Brancas, foi meu pai, José Ferreira, barbaramente assassinado pelos Nogueira e Saturnino, no ano de 1917.
- Não confiando na ação da justiça pública, por que os assassinos contavam com a escandalosa proteção dos grandes, resolvi fazer justiça por minha conta própria, isto é, vingar a morte do meu progenitor. Não perdi tempo e resolutamente arrumei-me e enfrentei a luta. Não escolhi gente das famílias inimigas para matar, e efetivamente consegui dizimá-las consideravelmente.
Sobre os grupos a que pertenceu:
- Já pertenci ao grupo de Sinhô Pereira, a quem acompanhei durante dois anos. Muito me afeiçoei a este meu chefe, porque é um leal e valente batalhador, tanto que se ele ainda voltasse ao cangaço iria ser seu soldado.

Sobre suas andanças e seus perseguidores:
- Tenho percorrido os sertões de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, e uma pequena parte do Ceará. Com as polícias desses estados tenho entrado em vários combates. A de Pernambuco é disciplinada e valente, e muito cuidado me tem dado. A da Paraíba, porém, é uma polícia covarde e insolente. Atualmente existe um contingente da força pernambucana de Nazaré que está praticando as maiores violências, muito se parecendo com a força paraibana.

Referindo-se a seus coiteiros, Lampião esclareceu:
- Não tenho tido propriamente protetores. A família Pereira, de Pajeú, é que tem me protegido, mais ou menos. Todavia, conto por toda parte com bons amigos, que me facilitam tudo e me consideram eficazmente quando me acho muito perseguido pelos governos.
- Se não tivesse de procurar meios para a manutenção dos meus companheiros, poderia ficar oculto indefinidamente, sem nunca ser descoberto pelas forças que me perseguem.
- De todos meus protetores, só um traiu-me miseravelmente. Foi o coronel José Pereira Lima, chefe político de Princesa. É um homem perverso, falso e desonesto, a quem durante anos servi, prestando os mais vantajosos favores de nossa profissão.

A respeito de como mantém o grupo:
- Consigo meios para manter meu grupo pedindo recursos aos ricos e tomando à força aos usuários que miseravelmente se negam de prestar-me auxílio.

Se estava rico?- Tudo quanto tenho adquirido na minha vida de bandoleiro mal tem chegado para as vultuosas despesas do meu pessoal - aquisição de armas, convindo notar que muito tenho gasto, também, com a distribuição de esmolas aos necessitados.
A respeito do número de seus combates e de suas vítimas disse:- Não posso dizer ao certo o número de combates em que já estive envolvido. Calculo, porém, que já tomei parte em mais de duzentos. Também não posso informar com segurança o número de vítimas que tombaram sob a pontaria adestrada e certeira de meu rifle. Entretanto, lembro-me perfeitamente que, além dos civis, já matei três oficiais de polícia, sendo um de Pernambuco e dois da Paraíba. Sargentos, cabos e soldados, é impossível guardar na memória o número dos que foram levados para o outro mundo.
Sobre as perseguições e fugas deixou claro:
- Tenho conseguido escapar à tremenda perseguição que me movem os governos, brigando como louco e correndo rápido como vento quando vejo que não posso resistir ao ataque. Além disso, sou muito vigilante, e confio sempre desconfiando, de modo que dificilmente me pegarão de corpo aberto.

- Ainda é de notar que tenho bons amigos por toda parte, e estou sempre avisado do movimento das forças.
- Tenho também excelente serviço de espionagem, dispendioso mas utilíssimo.
Seu comportamento mereceu alguns comentários bastante francos:
- Tenho cometido violências e depredações vingando-me dos que me perseguem e em represália a inimigos. Costumo, porém, respeitar as famílias, por mais humildes que sejam, e quando sucede algum do meu grupo desrespeitar uma mulher, castigo severamente.

Perguntado se deseja deixar essa vida:
- Até agora não desejei, abandonar a vida das armas, com a qual já me acostumei e sinto-me bem. Mesmo que assim não sucedesse, não poderia deixá-la, porque os inimigos não se esquecem de mim, e por isso eu não posso e nem devo deixá-los tranquilos. Poderia retirar-me para um lugar longinguo, mas julgo que seria uma covardia, e não quero nunca passar por um covarde.

Sobre a classe da sua simpatia:
- Gosto geralmente de todas as classes. Aprecio de preferência as classes conservadoras - agricultores, fazendeiros, comerciantes, etc., por serem os homens do trabalho. Tenho veneração e respeito pelos padres, porque sou católico. Sou amigo dos telegrafistas, porque alguns já me tem salvo de grandes perigos. Acato os juizes, porque são homens da lei e não atiram em ninguém.

- Só uma classe eu detesto: é a dos soldados, que são meus constantes perseguidores. Reconheço que muitas vezes eles me perseguem porque são sujeitos, e é justamente por isso que ainda poupo alguns quando os encontro fora da luta.
Perguntado sobre o cangaceiro mais valente do nordeste:
- A meu ver o cangaceiro mais valente do nordeste foi Sinhô Pereira. Depois dele, Luiz Padre. Penso que Antonio Silvino foi um covarde, porque se entregou às forças do governo em consequência de um pequeno ferimento. Já recebi ferimentos gravíssimos e nem por isso me entreguei à prisão.

- Conheci muito José Inácio de Barros. Era um homem de planos, e o maior protetor dos cangaceiros do nordeste, em cujo convívio sentia-se feliz.
Questionado sobre ferimentos em combate, contou:
- Já recebi quatro ferimentos graves. Dentre estes, um na cabeça, do qual só por um milagre escapei. Os meus companheiros também, vários têm sido feridos. Possuímos, porém, no grupo, pessoas habilitadas para tratar dos ferimentos, de modo que sempre somos convenientemente tratados. Por isso, como o senhor vê, estou forte e perfeitamente sadio, sofrendo, raramente, ligeiros ataques reumáticos.

Sobre ter numeroso grupo:
- Desejava andar sempre acompanhado de numeroso grupo. Se não o organizo conforme o meu desejo é porque me faltam recursos materiais para a compra de armamentos e para a manutenção do grupo - roupa, alimentação, etc. Estes que me acompanham é de quarenta e nove homens, todos bem armados e municiados, e muito me custa sustentá-los como sustento. O meu grupo nunca foi muito reduzido, tem variado sempre de quinze a cinquenta homens.

Sobre padre Cícero Lampião foi bem específico:
- Sempre respeitei e continuo a respeitar o estado do Ceará, porque aqui não tenho inimigos, nunca me fizeram mal, e além disso é o estado do padre Cícero. Como deve saber, tenho a maior veneração por esse santo sacerdote, porque é o protetor dos humildes e infelizes, e sobretudo porque há muitos anos protege minhas irmãs, que moram nesta cidade. Tem sido para elas um verdadeiro pai. Convém dizer que eu ainda não conhecia pessoalmente o padre Cícero, pois esta é a primeira vez que venho a Juazeiro.

Em relação ao combate aos revoltosos:
- Tive um combate com os revoltosos da coluna Prestes, entre São Miguel e Alto de Areias. Informado de que eles passavam por ali, e sendo eu um legalista, fui atacá-los, havendo forte tiroteio. Depois de grande luta, e estando com apenas dezoito companheiros, vi-me forçado a recuar, deixando diversos inimigos feridos.

A respeito de sua vinda ao Ceará:
- Vim agora ao Cariri porque desejo prestar meus serviços ao governo da nação. Tenho o intuito de incorporar-me às forças patrióticas do Juazeiro, e com elas oferecer combate aos rebeldes. Tenho observando que, geralmente, as forças legalistas não têm planos estratégicos, e daí os insucessos dos seus combates, que de nada tem valido. Creio que se aceitassem meus serviços e seguissem meus planos, muito poderíamos fazer.

Sobre o futuro Lampião mostrou-se incerto, apesar de ter planos:
- Estou me dando bem no cangaço, e não pretendo abandoná-lo. Não sei se vou passar a vida toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos. Tenho de visitar alguns amigos, o que não fiz por falta de oportunidade. Depois, talvez me torne um comerciante.

Aqui termina a entrevista concedida por Lampião em Juazeiro.
Na despedida Lampião nos acompanhou até a porta. Pediu nosso cartão de visita e acrescentou:
- Espero contar com os "votos" dos senhores em todo tempo!
- Que dúvida... respondemos.
Como sabemos, Lampião, o "Rei do Cangaço", não viveu o suficiente para ver todos seus planos concretizados.

Retirado do Site: http://iaracaju.infonet.com.br/LAMPIAO/index.htm  visite!

Lampião



Aqui se conta a história de Lampião, o famoso capitão Virgolino Ferreira, também conhecido como o "Rei do Cangaço". Não toda ela, pois não é fácil abranger de forma completa a saga de um brasileiro que pode ser equiparado, em fama e feitos, aos famosos personagens do velho oeste americano. Para facilitar o entendimento, ainda que parcial, é necessário situar a história e seu personagem principal no meio físico em que nasceu, viveu e morreu.
Descrever o nordeste, por onde andou Lampião, sem entrar na costumeira lista de nomes de vegetais, tipos de solo e outros detalhes semelhantes, é uma tarefa ingrata. Resultaria desnecessária para quem já conhece a região e incompleta para quem nunca esteve lá.
Embora aparentemente agreste o nordeste é de natureza rica e variada. Ou talvez seja melhor dizer que é um misto de riqueza e pobreza, com imensa quantidade de espécies em sua fauna e flora, embora de clima seco durante a maior parte do ano. Chove muito pouco, o chão é seco e poeirento. A vegetação é rasa e, na maior parte do ano, de cor cinza. De vez em quando surgem árvores cheias de galhos, também secos, frequentemente cobertos de espinhos que, se tocarem a pele, ferem. Raramente se encontra um local onde haja água, mas onde ela se apresenta a vegetação é muito mais verde, apesar de não radicalmente diferente de no restante da região. Saindo da planície e subindo para as partes mais altas, atingindo as serras e os serrotes, o ar tornar-se mais frio e as pedras desenham a paisagem.
Não há estradas, só caminhos, abertos e mantidos como trilhas identificáveis pela passagem dos que por ali circulam, geralmente a pé.
Em breves palavras, esse era o ambiente em que Virgolino Ferreira passou toda sua vida. Pode-se dizer que muito pouco mudou desde então.

LAMPIÃO E SUA HISTÓRIA
Versos de Gonçalo Ferreira da Silva, do cordel "Lampião - O Capitão do Cangaço":
O século passado estava
dando sinais de cansaço,
José e Maria presos
por matrimonial laço
em breve seriam pais
do grande rei do cangaço.
No dia quatro de junho
de noventa e oito, a pino
estava o Sol, e Maria
dava à luz um menino
que receberia o nome
singular de Virgulino.
lampiaoA.jpg (7354 bytes)
A família
Virgolino Ferreira da Silva era o terceiro dos muitos filhos de José Ferreira da Silva e de Maria Lopes. Nasceu em 1898, como consta em sua certidão de batismo, e não em 1897, como citado de várias obras.
A família Ferreira formou-se na seguinte sequência, por datas de nascimento:
1895 - Antonio Ferreira dos Santos
1896 - Livino Ferreira da Silva
1898 - Virgolino Ferreira da Silva
???? - Virtuosa Ferreira
1902 - João Ferreira dos Santos
???? - Angélica Ferreira
1908 - Ezequiel Ferreira
1910 - Maria Ferreira (conhecida como Mocinha)
1912 - Anália Ferreira

Todos os filhos do casal nasceram no sítio Passagem das Pedras, pedaço de terras desmembrado da fazenda Ingazeira, às margens do Riacho São Domingos, no município de Vila Bela, atualmente Serra Talhada, no Estado de Pernambuco.
Esse sítio ficava a uns 200 metros da casa de dona Jacosa Vieira do Nascimento e Manoel Pedro Lopes, avós maternos de Virgolino. Por causa dessa proximidade Virgolino residiu com eles durante grande parte de sua infância. Seus avós paternos eram Antonio Ferreira dos Santos Barros e Maria Francisca da Chaga, que residiam no sítio Baixa Verde, na região de Triunfo, em Pernambuco.
A infância de Virgolino transcorreu normalmente, em nada diferente das outras crianças que com ele conviviam. Todas as informações disponíveis levam a crer que as brincadeiras de Virgolino com seus irmãos e amigos de infância eram
nadar no Riacho São Domingos elampiaoC.jpg (4115 bytes) atirar com o bodoque,
um arco para bolas de barro. Também brincavam de cangaceiros e volantes, como todos os outros meninos da época, imitando, na fantasia, a realidade do que viam à sua volta, "enfrentando-se" na caatinga. Em outras palavras, brincavam de "mocinho e bandido", como faziam as crianças nas outras regiões mais desenvolvidas do país.

Foi alfabetizado por Domingos Soriano e Justino de Nenéu, juntamente com outros meninos. Freqüentou as aulas por apenas três meses, tempo suficiente para que aprendesse as primeiras letras e pudesse, pelo menos, escrever e responder cartas, o que já era mais instrução do que muitos conseguiam durante toda sua vida, naquelas circunstâncias.
O sustento da família vinha do criatório e da roça em que trabalhavam seu pai e os irmãos mais velhos, e da almocrevaria. O trabalho de almocreve estava mais a cargo de Livino e de Virgolino, e consistia em transportar mercadorias de terceiros no lombo de uma tropa de burros de propriedade da família.
Os trajetos variavam bastante, mas de forma geral iniciavam-se no ponto final da Great Western, estrada de ferro que ligava Recife a Rio Branco, hoje chamada Oliv.jpg (11120 bytes)Arcoverde, em Pernambuco. Ali recolhiam as mercadorias a serem distribuídas pelos locais designados por seus contratantes, em diversas vilas e lugarejos do sertão. Esse conhecimento precoce dos caminhos do sertão foi, sem dúvida, muito valioso para o cangaceiro Lampião, alguns anos mais tarde.
Por duas vezes Virgolino acompanhou a tropa até o sertão da Bahia, mais exatamente até as cidades de Uauá e Monte Santo. Nesta última havia um depósito de peles de caprinos que eram, de tempos em tempos, enviadas pelo responsável, Salustiano de Andrade, para a Pedra de Delmiro, em Alagoas, para processamento e exportação para a Europa.
Esta informação nos foi prestada por dona Maria Corrêa, residente em Monte Santo, Bahia. Dona Maria Corrêa, mais conhecida como Maria do Lúcio, exercia a profissão de parteira e declarou-nos que, quando jovem, conheceu Virgolino Ferreira durante uma de suas visitas ao depósito de peles.
Como curiosidade e melhor identificação, dona Maria Corrêa é a parteira que foi condecorada pelo então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira ao completar mil partos realizados com sucesso.
É bom frisar que as peles caprinas não eram compradas pelos Ferreira, apenas transportadas por eles, num serviço semelhante ao do frete rodoviário dos dias atuais.
Em quase todas suas viagens os irmãos tinham a companhia de Zé Dandão, indivíduo que conviveu durante muito tempo com a família Ferreira.
vila.jpg (8134 bytes)Nossas pesquisas na região comprovaram, através de diversos depoimentos pessoais, que José Ferreira, o patriarca da família, era pessoa pacata, trabalhadora, ordeira e de ótima índole, do tipo que evita ao máximo qualquer desentendimento.
Esses depoimentos positivos merecem especial atenção e ainda maior credibilidade por terem sido prestados por pessoas inimigas da família. Apesar da inimizade preferiram contar a verdade a denegrir gratuitamente o nome de José Ferreira.
A mãe de Virgolino já era um pouco diferente, mais realista em relação ao ambiente em que viviam. De maneira geral todos os entrevistados declararam que José Ferreira desarmava os filhos na porta da frente e dona Maria os armava na porta de trás dizendo:


- Filho meu não é para ser guardado no caritó. Não criei filho para ser desmoralizado.

Retirado do site: http://iaracaju.infonet.com.br/LAMPIAO/index.htm  visite.

Maria Bonita: 100 anos da guerreira do cangaço

Entre os dias 23 e 26 de março, aconteceu na cidade de Paulo Afonso (BA) um seminário internacional em comemoração ao centenário da primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Apresentações folclóricas, lançamentos de livros, peças, exposições dos pertences usados pelos cangaceiros e fotografias fazem parte da programação que segue durante todo o ano.
A Conferência Internacional das Mulheres – realizada na cidade de Copenhague, capital da Dinamarca, em 1910, e organizada pela Internacional Socialista – aprova a proposta da socialista alemã Clara Zetkin, de instituição de um dia internacional da mulher. No dia 8 de março do ano seguinte, nasceu Maria Gomes de Oliveira: a Maria Bonita, uma mulher símbolo da coragem e da ousadia.
A guerreira do cangaço rompeu com as regras do seu tempo, uma época marcada por um forte machismo e dominada por um homem rude, violento e metido a ‘valentão’. Aos 18 anos, juntou-se ao bando de Virgulino Ferreira, o Lampião, formando com este o casal mais famoso de cangaceiros. Alguns pesquisadores afirmam que Maria Bonita não defendia nenhuma causa especifica e nem tinha inclinações políticas.
Entrou para o grupo de cangaceiros por amor a Lampião, versão essa defendida por João de Sousa Lima, membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço [SBEC], autor dos livros ‘A trajetória de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço’ e ‘Moreno e Durvinha, Sangue, Amor e Fuga no Cangaço’. Mas o próprio Lima reconhece que, guerreira ou não, Maria Bonita foi uma mulher valente, que quebrou parâmetros, pois o simples fato de ela se juntar a um grupo de homens que viviam à margem da lei bastava para chocar a sociedade de então.
O cangaço, a seca e o latifúndio
Mesmo se Maria Bonita nunca deu um tiro, não matou nenhum soldado da “Volante” e não realizou nenhum assalto, ela foi revolucionária. Preferiu arriscar-se no mundo ao lado do homem amado do que viver uma vida de incertezas, conformismo e infelicidades. A atitude tomada por uma jovem de 18 anos que resolveu seguir um bando de cangaceiros é consequência do meio social em que vivia. Maria Bonita nasceu no sertão, no interior da Bahia, filha de Dona Déa, uma sertaneja como outra qualquer, mãe de 11 filhos. Junto com seu povo vivia o flagelo da seca, a fome do sertanejo e o privilégio dos latifundiários.
Seu amor por Lampião é o amor pela esperança de dias melhores. Como afirma o texto no site oficial sobre o acervo do cangaço“quando a morte passa a ser sua companhia diária o homem reage. Alguns se entregam ao desespero, à passividade e ao desalento. Outros, de índole mais agressiva, revoltam-se e pegam em armas. Os que não têm nada querem alguma coisa; os que têm pouco querem mais, muito mais, pois o coronel está séculos à sua frente”.
Procurar entender quem foi Maria Bonita é buscar compreender o que foi o cangaço. O cangaço, assim como Canudos, foi um movimento que questionava a estrutura vigente baseada no latifúndio, na expulsão do sertanejo de suas terras, da exploração da sua força de trabalho, da fome e da seca que eram submetidos.
Os cangaceiros são homens “sem outras alternativas, e sabendo que esse estado de coisas continuaria os grupos de rebeldes procuraram em si mesmos os meios para tentar mudanças, instigados pelo analfabetismo, pela fome, pela falta de futuro melhor, pelos anos sucessivos de seca, pelo descaso das autoridades e pela participação, muitas vezes infeliz, da Igreja Católica. O sertão é, por natureza, adverso ao homem que ali tenta viver.” [trecho do site oficial do acervo do cangaço].
Maria Bonita não seguiu Lampião somente por amor. Seguiu porque era uma sertaneja que não aceitava mais a situação de seu povo. Podemos questionar o método de luta utilizado pelos cangaceiros, mas não podemos questionar a coragem de quem em meio à seca e a fome manteve-se em pé para lutar.
Guerreira sim!
Brincou de boneca, casinha e ciranda. Namorou, casou, descasou e casou de novo. Com Lampião, seu segundo esposo, teve três filhos: Expedita Ferreira Nunes, a única ainda viva, 78 anos, mora em Aracaju (SE); e os gêmeos Arlindo e Ananias Gomes de Oliveira. Maria ingressou ao cangaço jovem e foi assassinada aos 27 anos ao lado de Lampião e oito cangaceiros, em 28 de julho de 1938, no município de Poço Redondo (SE). As cabeças foram cortadas e expostas aos sertanejos na escadaria da Prefeitura de Piranhas, em Alagoas.
Os cangaceiros foram dizimados, mas a seca, a fome e o coronelismo continuam no nordeste. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios [PNAD] de setembro de 2009 revelou que 908 mil cearenses viviam em extrema pobreza, isto é, miséria absoluta. Quase 11% da população do Ceará se mantinham com R$58 mensais. De cada 100 pessoas com faixa etária entre zero e 13 anos, 18 viviam em situação de extrema pobreza no Ceará.
Vale ressaltar que esses dados colocaram o estado do Ceará em terceiro lugar no rol dos estados em termo de miséria. Em Pernambuco e na Bahia a situação é pior. Esses dois Estados ficaram em primeiro e segundo lugar no rol da miséria, respectivamente. Que o seminário internacional, realizado em Paulo Afonso (BA) no final do mês passado, não tenha sido um evento somente para celebrar o centenário da Maria Bonita, mas para despertar as mentes e os corações dos sertanejos sobre sua realidade. O terreno que germinou Maria Bonita ainda esta lá, esperando novas sementes. Quem sabe o seminário internacional ajude a brotar uma nova Maria.

sábado, 16 de julho de 2011

Invasão do Cangaço

Confirmado


Dia 22 de julho de 2011

São José do Egito PE

 Na ida pra São José do Egito, 


uma paradinha,


pra contemplarmos as belas 
paisagens 


da nossa Paraíba.
Pela primeira vez em terras pernambucanas, tínhamos um grande desafio pela frente, primeiro de representar bem a Paraíba com o xaxado que é nosso, desafio vencido. Mas o desafio maior ainda estava por vim, fazer bonito no frevo já que estávamos na "terra do frevo", mais uma vez desafio vencido. E assim conseguimos mostrar um pouco da nossa rica cultura nordestina representando bem nossa querida Assunção e porque não dizer, conseguimos representar muito bem nossa Paraíba.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Apresentação

São José do Egito Pernambuco




Hoje quinta feira 14 de julho o grupo faz uma participação na tradicional "Festa Universitária na Cidade Pernambucana São José do Egito.


Atrações da noite de Hoje:



QUINTA-FEIRA ( 14/07/2011)

18:00 – Grupo de Dança Filhos do Cangaço de Assunção-PB
19:00 – Grupo  SEVERINAS
20:30 - Recital de Poesia : 
Netinho, Iago Nunes, Belinha e Vinicius Gregório
21:30 – Encontro de Cultura Alternativa : 
Banda Pent's Life e SOS Figado
23:00 - Rita de Cássia 
(ex-redondo e banda som do norte)
01:00 – Flávio Leandro


São Pedro 2011

                                                                                Agradecimento

Agradecemos primeiramente ao nosso senhor Jesus Cristo por ter estado conosco durante toda nossa caminhada, só ele sabe quão grande foram as lutas este ano. Agradecemos também as pessoas que contribuíram direto ou indiretamente para a realização do nosso Espetáculo em 2011.
Nossa madrinha Débora Cristiane muito obrigado pelo carinho, Patrício valeu mesmo pela força e por tudo, a Secretaria municipal de cultura, a pessoa do secretário Lázaro que esteve conosco o tempo todo, ao nosso coreógrafo Aleudo Cavalcante, a Bilão Supermercado, Primu's.com, Rafael, a nossa costureira Cleonice e toda sua equipe, a Tio de Juazeirinho, Rosa em fim, e a todos que estiveram do nosso lado.
Aqui vai nosso abraço muito carinhoso a todo público que se fez presente no palhoção do povo pra ver nossa apresentação, foi emocionante de ver todas aquelas pessoas nos abraçando e nos parabenizando emocionadas. Não tem nada mais gratificante do que o reconhecimento do público, os aplausos vieram porque merecemos, não teve necessidade do locutor pedir "uma salva de palmas", um beijão no coração de todos Vocês.

Aqui vai algumas das frases que escutamos após a apresentação:

"Simplesmente perfeito"
"Hoje eu vi cultura em Assunção"
"Vocês foram magníficos"
"Não basta ser bom, bonitinho, lindinho,... tem que ser magnífico"
"Foi um verdadeiro show"
"Foi a melhor apresentação de todos os tempos"
"Vocês representaram muito bem a cultura junina"
"Ainda estou arrepiada"
"Eu queria ter dançado"
"Parabens filhos do cangaço.... vcs mostraram como se dança o xaxado da paraiba..."
"Se arrependimento matasse"
"Queria uma roupinha de cangaceiro pro meu filho"


Ah... agradecemos também aquelas pessoas que foram torcer contra, tentar tirar o brilho da apresentação muito obrigado, obrigado mesmo pela presença, aqui vai um forte abraço da família "FILHOS DO CANGAÇO" pra todos Vocês. Sim sobre o que escutamos a respeito desse comportamento? Melhor deixar pra lá.

"Não existe nada mais justo do que a opinião de uma multidão."


                                                                                                                              Filhos do Cangaço

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Apresentação

Neste Sábado dia 09 tem apresentação, no palco principal do melhor São Pedro da região, Assunção - PB.

O Nordestinês do Paraibano !!!

Paraibano não fica solteiro, ele fica"solto na bagaceira".
Paraibano não vai embora, ele "pega o beco". (Quem nunca disse isso hein?)
Paraibano não diz 'concordo com você', ele diz:
issssso, homi!!!
Paraibano não conserta, ele"imenda".
Paraibano quando se empolga, fica com a  "mulesta dos cachorro".
Paraibano não bate, ele 'senta-le' a mão.
Paraibano não bebe um drink, ele "toma uma".
Paraibano  não é sortudo,  ele é "cagado".
Paraibano não corre, ele "dá uma carreira".
Paraibano não malha os outros, ele "manga".
Paraibano não conversa, ele "resenha".

São Pedro em Assunção

Nesta sexta Feira 08/07 começa o São Pedro de Assunção o melhor da região, a festa começou no dia 12  de junho, na "Ilha do Forró" e termina no próximo domingo dia 10.


Projeto "Forró na Feira"

Video da Apresentação no encerramento do projeto
 "Forró na Feira".

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Arraiá Quadrilhão do Cangaço

Toda comunidade festejou junta o São João, do Bairro José de Assis Pimenta, a primeira edição do evento  Arraiá Quadrilhão do Cangaço foi um sucesso e ano que vem se Deus quiser estaremos lá de novo!!!





Encerramento da Primeira edição do Projeto Forró na Feira, em Assunção PB.


Projeto "Forró na Feira" Assunção PB, idealizado pela Secretaria Municipal de Cultura, fizemos a abertura da primeira edição do projeto e como não podia ser diferente participamos também do encerramento pra fechar com chave de ouro. O evento Foi um sucesso.







Apresentação no Maior São João do Mundo em Campina Grande 2009.

Apresentação para a TV Diário em Campina Grande no Maior São João do Mundo.

"Nossa" cultura foi transmitida pra mais de 150 países através da TV Diário.









Apresentação no Maior São João do Mundo em Campina Grande 2008



Apresentação no Maior São João do Mundo em Campina Grande 2008, conosco na foto Veneziano Vital do Rego.

Projeto "São João é na Feira" Campina Grande PB






Apresentação na 1º edição do projeto "São João é na Feira" (2009) em Campina Grande PB, idealizado por estudantes de turismo da Escola Técnica Redentorista.Filhos do Cangaço